Journal de Dados do PBMB – 08/12/2025
Data: 08/12/2025
O próximo journal de dados do Programa de Biologia Molecular e Biotecnologia será apresentado por Joyce Rodrigues Melo, aluna de Doutorado do Prof. Carlos Logullo. Título e resumo encontram-se abaixo.
Data: 08/12/2025.
Local: Sala de aula da Pós-graduação em Química Biológica (CCS, Bloco D, subsolo).
Horário: 12h.
Título: O supressor tumoral p53 na manutenção do processo de ferroptose em células embrionárias de Rhipicephalus microplus.
Resumo: A ferroptose é uma forma de morte celular regulada, dependente de ferro ecaracterizada por peroxidação lipídica, e tem sido associada à função da proteína supressora tumoral p53 em algumas linhagens de células de câncer. A descoberta da multiplicidade de papéis da p53 na célula, especialmente como ela atua na supressão ou promoção do câncer, foi recentemente revisada: a p53 possui muito mais funções no controle celular do que apenas proteger contra o câncer: ela atua principalmente como a resposta primária da célula ao estresse. Além disso, trabalhos recentes mostram que a p53 desempenha um papel dual na regulação da ferroptose, regulando-a através de mecanismos transcricionais e pós-translacionais. Em sinergia, o metabolismo redox, mediado por enzimas como a glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH), é crítico na modulação da ferroptose e na resposta oxidativa em células tumorais. Em células cancerosas, a p53 inibe diretamente a G6PDH, reduzindo a produção de NADPH na via das pentoses, essencial para a homeostase redox e fator anti-ferroptose. Esse fenômeno parece ser conservado em células embrionárias de carrapato Rhipicephalus microplus (BME26). Além disso, trabalhos anteriores do nosso grupo descreveram um mecanismo de manutenção do estado redox envolvendo Isocitrato desidrogenase mitocondrial (IDH2) em células BME26, mantendo os níveis de NADPH. Este, por sua vez, é central no metabolismo e na manutenção da homeostase redox. Neste contexto, o presente projeto busca investigar como p53, G6PDH e IDH2 interagem na manutenção de NADPH e na modulação da ferroptose em células BME26. Até o momento, foram conduzidas análises in silico, incluindo modelagem estrutural, alinhamentos múltiplos e mapeamento de resíduos funcionalmente relevantes, indicando alta conservação estrutural entre proteínas de carrapatos e mamíferos. Paralelamente, estão em andamento testes com indutores de ferroptose, como sulfato ferroso (FeSO₄), cloreto de ferro (FeCl₃) e peróxido de hidrogênio (H₂O₂), com o objetivo de caracterizar o processo de ferroptose em células BME26. Com estes resultados pretende-se compreender o papel da p53 e das enzimas G6PDH e IDH2 no controle redox e na vulnerabilidade das células BME26 à ferroptose. Este estudo pretende não apenas aprofundar o entendimento sobre a ferroptose em artrópodes, mas também contribuir para a descoberta de possíveis alvos terapêuticos relacionados à ferroptose em diferentes contextos biológicos.
Carla Ribeiro Polycarpo
Coordenação do Journal de Dados do Programa de Biologia Molecular e Biotecnologia