Publicado em 12/03/2016

IBqM se une em apoio à FAPERJ

No dia 02 de fevereiro, uma proposta de emenda constitucional de autoria do governador Luiz Fernando Pezão (PEC 19/2016) propõe uma redução de 50% da verba destinada à FAPERJ até 2018.

Isso significa que, do comedido orçamento de 400 milhões destinados às pesquisas estratégicas, recursos humanos e desenvolvimento científico e sociocultural do Estado, estes recursos cairiam para o montante de 200 milhões.

Ao mesmo tempo, em manobras de interesse próprio, a proposta para 2016 da Lei de Diretrizes Orçamentárias é que sejam dispensados 7,7 bilhões de reais em isenções fiscais para empresas como AMBEV, Light e Supervia.

corteFaperj

A proposta de redução de verbas da FAPERJ é considerada absurda pela comunidade científica que declarou guerra ao governo estadual.

Também os estudantes e bolsistas da entidade tomaram um calote em suas bolsas no mês de janeiro, sendo que muitos tiveram que se desdobrar em outras atividades para que conseguissem pagar seus aluguéis e suas contas do mês. A FAPERJ prometeu pagar as bolsas relativas a janeiro no mês de julho. De acordo com outras informações, a FAPERJ vem tomando o calote do governo desde outubro/2015 do valor destinado às bolsas e o pagamento das bolsas de novembro e dezembro do ano passado ocorreu também atrasado e consumiu toda a verba que a FAPERJ ainda tinha em seu caixa.

Não podemos deixar que o esforço e trabalho de toda uma comunidade que trabalha em favor do desenvolvimento científico, tecnológico, sociocultural e sobretudo na formação de toda uma população seja jogado fora! Por isso, todo o IBqM se uniu em prol da campanha de ajuda e coordenação política para evitar que o orçamento da FAPERJ seja reduzido a um montante incapaz de financiar as pesquisas científicas em nosso estado.

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O Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis se reuniu nessa
última sexta-feira (11/03/16) para uma manifestação em defesa da FAPERJ.

Enquanto há cerca de 5 anos atrás a FAPERJ se orgulhava de estar quase se equiparando à maior entidade de financiamento estadual de nosso país, a FAPESP, hoje a entidade carioca vem sendo sucateada e desrespeitada por um governo estadual que mira apenas interesses mesquinhos e de curto prazo. Caso o governo estadual fosse realmente comprometido com o bem comum, seria questão de reforçar o orçamento da FAPERJ ao invés de cortá-lo. De fato, países com maior consciência social e econômica tendem a privilegiar os recursos investidos em ciência e educação acreditando que é isso que lhes vai permitir sair da crise.

sosfaperj

Nós da UFRJ também nos solidarizamos e manifestamos nosso pleno apoio às instituições de ensino e pesquisa estaduais que têm sido ainda mais prejudicadas por um governo estadual desnorteado, incapacitado e aliado a interesses escusos.

Convocamos todos os alunos, funcionários e professores a comparecer ao Palácio Tiradentes, no dia 16/03, às 10 horas da amanhã para pressionar os deputados a dizerem NÃO à essa proposta absurda e SIM à ciência fluminense.

Leia outras reportagens sobre o assunto, assine o veto e se engaje na discussão:

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Leia abaixo, na íntegra, a carta do nosso ex-diretor Mario Silva Neto contra os cortes na FAPERJ. O Prof. Mario está liderando as campanhas do IBqM contra essa injustiça social que está prestes a acontecer.

VARRENDO DO MAPA a Ciência do Rio de Janeiro !!!

Há cerca de três anos em seu Editorial a prestigiosa revista Nature (http://www.nature.com/news/specials/global/index.html#editorial) discutia as recentes mudanças na geográfica cientifica do mundo. Ou seja, as nações produtoras de conhecimento tinham ganho novos países parceiros. Ao grupo já tradicional de Estados Unidos, Europa e Japão tinha se unido a China, Índia , Singapura e Brasil. Sim o Brasil! A revista destacava que além da produção nacional, esses países foram capazes de estabelecer redes internacionais de produção acadêmica. Segundo eles isso gerou uma “brain circulation” super bem vinda a favor do avanço da Ciência, Tecnologia e enfim, do bem estar humano. Não sei o que fizeram nossos colegas asiáticos, mas imagino que por lá caminharam por iniciativas similares a da FAPERJ. Através do repasse de cerca de 2% dos impostos pagos ao Estado do Rio de Janeiro essa impressionante Fundação, em apenas 10 anos, colocou o estado fluminense no mapa da Ciência mundial. Mais ainda, Ciência feita por aqui com enorme participação de jovens, sejam estudantes ou pesquisadores em início de carreira. Prosseguindo, Ciência voltada para a solução dos problemas do cotidiano, seja das questões relativas a violência urbana, passando pelo apoio a novas empresas até o desenvolvimento de novos medicamentos etc. Em outras palavras, tudo que vale a pena. Aliando competência e editais objetivos e transparentes tudo foi financiado elevando a produção local e a brasileira a constar no referido mapa da Nature. Isso tudo está ameaçado graças a intervenção do DEPUTADO ESTADUAL EDSON ALBERTASSI DO PMDB DO RIO DE JANEIRO. Segundo sua PEC18/2015 ele pretende reduzir a metade o financiamento da FAPERJ. Parece razoável para quem olha de longe e imagina que crise, afinal, vem para todos e portanto todos os setores devem receber os cortes. Não em Ciência ! Aqui o financiamento a bolsistas, não se faz suficiente. Precisamos de insumos e equipamentos, precisamos de intercambio. Gerar um Pesquisador independente leva mais de 10 anos de grande dedicação e com um perseguir constante de índices, metas e mais ainda da sublime idéia original. Essa é aquela que irá de fato nos fazer avançar de fato na pavimentação do que se sabe e do que não se sabe, do que se enxerga e usufrui e do que nos condena. As idéias e o projeto de Albertassi estão na contramão da recente iniciativa do Museu do Amanha, nosso novo Museu de Ciência e projeção do futuro inaugurado essa semana no Rio de Janeiro. Estão na contramão também da percepção dos vários episódios e situações do cotidiano. Encerro lançando a reflexão sobre uma dessas situações, retirada de minha própria área de atuação. A Ciência precisa ser continuamente financiada para estar sempre garantindo de forma silenciosa e a cada esquina a preservação histórica da civilização humana. Stefan Ujvari, autor de “A História da Humanidade contada pelos Vírus” apresenta o papel manipulador dos vírus em nossa própria História, de herpes e HPV a Dengue e Ebola. Em diferentes épocas os impactos de tais doenças foram devastadores conforme o potencial da Ciência de reagir a cada um deles. Mas em tempo de Zika e eventualmente de microencefalias há maior mal do que a falta de bom senso de determinados políticos?

Mário Silva-Neto, PhD
Professor Associado IV, UFRJ

 

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