Publicado em 06/06/2013

Cesare Montecucco encerra ciclo de palestras “Landmarks in Biochemistry”

No dia 23 de maio, o pesquisador italiano Cesare Montecucco esteve na UFRJ para proferir a palestra “The discovery of the molecular basis of tetanus and botulism: an insider report”. Montecucco é atualmente professor de Patologia Geral da Universidade de Padova, onde coordena o Laboratório de Relação Patógeno-Hospedeiro.

O cientista dedica-se a estudar os mecanismos celulares e moleculares subjacentes a doenças causadas por bactérias produtoras de toxinas patogênicas (Antrax, Botulismo, Tétano), por serpentes venenosas e insetos. Ele objetiva, também, compreender melhor as funções fisiológicas do hospedeiro.

Na palestra, Montecucco afirmou que patógenos são os principais motores da evolução, e até mesmo o fator de virulência deles pode ser usado como um agente terapêutico. “Por mais de 24 séculos, acreditou-se que o tétano era uma doença neuromuscular. Apenas em 1884, descobriu-se que o causador dessa doença é uma bactéria”, explicou o cientista. Ele frisou também que, na área de desenvolvimento de vacinas, deve-se muito ao cientista francês Gaston Ramon, que desenvolveu um meio de inativar antitoxinas com formalina, criando, pela primeira vez, toxoides como método de imunização.

Montecucco falou também sobre o botulismo, que, ao contrário do tétano, provoca flacidez muscular. A doença é contraída pela ingestão de alimentos contaminados e pode levar à morte. Existem diversos tipos de toxina botulínica, e algumas são amplamente utilizadas para fins estéticos, embora isso seja condenável, segundo o pesquisador italiano. Porém, a toxina botulínica A (BoNT/A) é muito útil no tratamento de doenças variadas, como blefaroespasmo, hiperidrose axilar, bruxismo, estrabismo e fissura anal. Além disso, a injeção dessa toxina reduz os ataques de enxaqueca em 30% a 40%.

Dr. Cesare Montecucco nasceu em Trento, na Itália, em 1947. Além da Universidade de Padova, ele também atuou como pesquisador nas universidades de Cambridge, Utrecht e Costa Rica, no Instituto Pasteur de Paris e no EMBL de Heidelberg. Ele é membro de numerosas academias científicas e recebeu vários prêmios, incluindo o Prêmio Redi 2009 e o Prêmio Ehrlich de Medicina de 2011. Montecucco é autor de mais de 220 publicações na área.