Publicado em 17/07/2013

Em parceria com IBqM, alunos de escola pública produzem cartilha sobre dengue

A ciência não é uma via de mão única, mas sim uma disciplina em que a interação e a troca de ideias entre professor e aluno são fundamentais para que o aprendizado se consolide. Essa é a proposta de um projeto desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Bioquímica Médica, que levou a vanguarda do conhecimento científico a crianças da Escola Municipal Anísio Teixeira, no bairro carioca da Ilha do Governador. Coordenado pela aluna de mestrado Priscila Portela, o trabalho teve como resultado a confecção de uma cartilha, produzida pelos próprios alunos da escola, sobre a dengue e o mosquito aedes aegypti.

Durante dois anos, Priscila esteve na escola pelo menos uma vez por semana, para estabelecer discussões científicas com os alunos. Os temas estudados no Laboratório de Sinalização Celular, do qual faz parte, eram levados para lá. “Discutimos com eles algumas questões interessantes, por exemplo: como funciona o olfato do mosquito? Quais os elementos necessários para que o mosquito faça a digestão do sangue? Como funciona o sistema imunológico do inseto?”, explica Mario Alberto C. Silva Neto, coordenador do laboratório.

Com base nas discussões, os estudantes elaboraram uma cartilha com fotos e textos, descrições e conclusões feitos por eles mesmos, dentro da escola.

A tiragem inicial foi de 200 cartilhas. “Fizemos também um CD, que tem o mesmo material da cartilha, mas com um formato mais interativo”, explica Mario. O projeto se transformou na dissertação de mestrado de Priscila.

O plano é que, em breve, a cartilha seja distribuída em outras escolas do Rio de Janeiro, para que cada vez mais criancas se tornem agentes de prevenção da dengue.

“A maior inovação desse projeto é o fato de levarmos aos alunos assuntos que ainda não estão encerrados, ou seja, discutimos temas que cientistas do mundo inteiro estão investigando nesse exato momento. Nesse sentido, a questão da autoestima dos alunos é estimulada. Isso porque eles sabem que o pensamento deles pode ser uma alternativa. Eles podem perfeitamente, a qualquer momento, elaborar uma proposição que pode ser uma saída para resolver o problema da dengue, que ninguém nunca tinha pensado. Outro fator relevante para a construção da autoestima é que eles produziram de fato um material inédito, que será partilhado com familiares e amigos", explica Mario.

"Não esperamos que todos esses alunos virem cientistas, mas queremos estimular a postura do questionamento, que é necessária e importante para a formação cidadã", continua.

Esse material teve o financiamento da Faperj e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM).