Publicado em 03/04/2013

Jerson Lima Silva vence Prêmio Faz Diferença 2012

faz_a_diferencaCesar Baima – O Globo

Filho de um sargento da Marinha e uma dona de casa, Jerson Lima Silva foi criado na divisa dos bairros cariocas de Rocha Miranda, Honório Gurgel e Coelho Neto, uma incerteza geográfica suburbana que, confessa, persegue-o até hoje. Ele não tem dúvidas, no entanto, de que foi ali que começou sua paixão pela ciência. Hoje, aos 52 anos, é médico, pesquisador e professor e um dos maiores especialistas brasileiros no estudo de proteínas associadas a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, e câncer.

Responsável por trazer para a UFRJ o suíço Kurt Wüthrich, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2002, Jerson também tem atuação destacada como diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, onde ajuda a decidir o destino de um orçamento anual que beira os R$ 400 milhões, e em 2010 tornou-se um dos mais jovens integrantes da centenária Academia Nacional de Medicina.

— Venho de uma família suburbana, mas não exatamente pobre, e desde muito novo me interessei pela ciência — diz. — A vida no subúrbio me ensinou muito, e logo percebi que o conhecimento seria importante para mudar minha condição social. Assim, por volta dos 10 anos, decidi que ia ser médico e colecionava fascículos de enciclopédias e outras publicações científicas.

Mas, apesar da vocação precoce, Jerson nunca clinicou profissionalmente. Depois de cursar a Escola Técnica Federal de Química, seu primeiro contato com o método científico e o mundo dos laboratórios, em 1979 ingressou na Faculdade de Medicina da UFRJ. Logo no primeiro ano, começou um estágio de iniciação científica no Departamento de Bioquímica Médica da instituição, onde teve como orientador Sérgio Verjovski-Almeida, que acabou se tornando um de seus grandes mestres e amigos.

— Na época, dividia meu tempo entre o laboratório e a faculdade, atravessando várias vezes por dia a rua que separa o prédio do Centro de Ciências da Saúde do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão — conta. — Em uma dessas ocasiões, já quando estava no internato da faculdade, encontrei no caminho o próprio professor Clementino Fraga, então diretor do hospital, que me chamou a atenção por não estar de sapatos brancos e disse: “Agora você é médico e tem que se vestir como tal”.

O lado pesquisador de Jerson, porém, acabou falando mais alto. Após temporada nos EUA, obteve doutorado na UFRJ em 1987 e desde 1988 é professor da instituição.

JURADOS: Stevens Rehen (neurocientista); Ana Lúcia Azevedo; Jason Vogel e Léa Cristina (O GLOBO).

Fonte: http://oglobo.globo.com/projetos/fazdiferenca/vencedores-2012/ciencia-saude/

Veja o vídeo de entrega do prêmio em: http://oglobo.globo.com/videos/t/todos-os-videos/v/faz-diferenca-melhor-2012-ciencia-e-saude/2484801/