Publicado em 02/07/2013

Rede ePORTUGUÊSe faz a diferença

Regina Ungerer, médica brasileira e coordenadora da rede ePORTUGUÊSe da Organização Mundial de Saúde (OMS), localizada em Genebra, na Suíça, esteve no Brasil para apresentar os objetivos e conquistas deste projeto no Seminário do Programa de Educação, Gestão e Difusão em Biociências (PEGeD), do IBqM. O evento aconteceu dia 17 de junho.

Ungerer explicou que a rede foi criada em 2005 com a intenção de fortalecer a cooperação Sul-Sul na área da informação e capacitação de recursos humanos em saúde, o que engloba países da América Latina, África e Ásia que falam o idioma português: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A língua possui mais de 300 milhões de falantes em todo o mundo, e é o terceiro idioma mais falado no hemisfério ocidental, atrás apenas do inglês e do espanhol.

Um dos destaques da apresentação da médica foi a desconstrução de estereótipos, mostrando que diversos países africanos possuem uma ótima infraestrutura urbana e acesso a serviços variados, ainda que algumas nações, como São Tomé e Príncipe, sejam extremamente pobres e necessitem de mais ajuda. Cinco países de língua portuguesa estão entre os mais pobres do planeta.

Modelo de cooperação sul-sul

O programa ePORTUGUÊSe foi reconhecido recentemente pelo Escritório das  Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul como um exemplo de cooperação que visa aumentar o acesso à informação em saúde atual, fidedigna e baseada na evidência para os oitos países que tem o português como idioma oficial.

O programa apoiou a criação e o desenvolvimento de Bibliotecas Virtuais em Saúde Nacionais (BVS) nesses países, baseadas no modelo desenvolvido pelo Centro Latino Americano em Informações em Ciências da Saúde (Bireme/OPASs/OMS). Porém é importante ressaltar que cada BVS Nacional foi desenvolvida de acordo com a realidade local e as especificidades dos países membros da rede.

Outra iniciativa do programa foi a criação e o envio de Bibliotecas Azuis para cada um dessas nações. As Bibliotecas Azuis foram idealizadas por uma bibliotecária da OMS e inicialmente criadas em francês, inglês e árabe, que são línguas oficiais das Nações Unidas, para suprir a carência de informações dos profissionais de saúde da África.

Com a criação do programa ePORTUGUÊSe em 2005 foi possível desenvolver um modelo de Biblioteca Azul em português. Hoje, já são 213 Bibliotecas Azuis em português, tendo cada uma cerca de 180 títulos divididos em grandes temas de saúde pública. A maioria do material das Bibliotecas Azuis em português é de doação do Ministério da Saúde do Brasil  que são custeadas por organizações internacionais e enviadas para os cinco países africanos de língua oficial portuguesa e Timor Leste no sudeste asiático.

Embora o acesso à internet seja bastante restrito em alguns países como em Timor Leste onde apenas 0,2% da população de mais de um milhão de habitantes têm acesso a web, Regina ressalta que o programa ePORTUGUESe desenvolve ações e atividades baseadas na rede, apostando em seu crescimento mesmo em zonas rurais dos países menos desenvolvidos.

Entre os exemplos utilizados foi um curso à distância sobre pesquisa em segurança do paciente que atraiu mais de 16 mil profissionais de saúde provenientes destes países e o blog com cerca de 300 mil acessos só em 2012. Existe ainda um fórum de discussão com quase dois mil participantes e mídias sociais onde são explorados não apenas temas de saúde, mas também aspectos culturais dos países membros.

Regina Ungerer, coordenadora da rede ePORTUGUÊSe, da OMS

Regina Ungerer, coordenadora da rede ePORTUGUÊSe, da OMS